Enquanto as regulações avançam e se tornam mais rigorosas, o DPP e os dados auditáveis encurtam o caminho para conformidade e valor de negócio.

Reguladores apertam o cerco: Espanha, Califórnia e UE

A janela para estruturar relatórios de sustentabilidade está se fechando rapidamente. A Espanha tornou obrigatório o reporte de carbono com base no ano de 2025, exigindo a entrega em 2026 para Escopos 1 e 2 (emissões próprias e de energia), e escalonando o Escopo 3 (cadeia de valor) a partir de 2028 para grandes empresas. Na Califórnia, as autoridades publicaram orientações para os primeiros relatórios sob as leis SB 253 (emissões) e SB 261 (riscos climáticos), sinalizando expectativas elevadas de governança, integração a riscos e transparência. Na União Europeia, a Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) passa a atingir um volume maior de companhias a partir de 2026, em conjunto com a Ecodesign for Sustainable Products Regulation (ESPR), que introduz o Passaporte Digital do Produto (DPP) como o novo padrão de dados por produto ao longo do ciclo de vida.

O European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG) vem publicando guias de implementação dos European Sustainability Reporting Standards (ESRS): materialidade, cadeia de valor e lista detalhada de datapoints (maio/2024), além de rascunho sobre planos de transição (nov/2024). Em paralelo, o DPP da ESPR pode começar a valer já a partir de 2025 para grupos de produtos prioritários definidos pela Comissão, com forte atenção a cadeias intensivas em impacto e complexidade de fornecimento.

Análise: do relatório anual ao dado por produto

O vetor comum nas regras citadas é claro: menos narrativas e mais evidências. O modelo tradicional, centrado em relatórios anuais, não acompanha a exigência de granularidade por produto, fornecedor e lote. A ESPR formaliza essa mudança via DPP, que pede dados sobre origem de matérias-primas, pegada de carbono e ambiental por produto, fornecedores e informações de circularidade (reparo, reuso e descarte). Já a CSRD/ESRS determina reportes mais comparáveis e completos, exigindo governança de dados que abarque a cadeia de valor.

Para cadeias complexas, o atalho mais seguro combina dois pilares: dados primários e provas. Dados primários de fornecedores (consumo energético, insumos, notas fiscais, certificados) dão acurácia ao Escopo 3 e à pegada por produto; as provas (documentos, eventos de processo, inspeções, fotos e carimbos de tempo) sustentam a auditabilidade. Tecnologias como passaportes digitais do produto e registros imutáveis em blockchain oferecem trilhas de auditoria consistentes, reduzindo retrabalho e risco de inconsistência entre áreas (sustentabilidade, operações, compras e TI).

Implicações para empresas brasileiras

Exportadores para a UE e EUA, além de empresas com operações ou investidores nesses mercados, sentirão o impacto primeiro. Mas mesmo quem vende localmente será cobrado por varejistas globais e clientes B2B que precisam de dados rastreáveis para seus próprios relatórios. Algumas implicações práticas:

Exemplos de aplicação:

Tendências e próximos passos

Três tendências merecem atenção: (1) padronização acelerada de dados (ESRS/EFRAG) e limites ao que grandes empresas podem exigir de PMEs, equilibrando qualidade e viabilidade; (2) ampliação do escopo do DPP a mais categorias, elevando a necessidade de dados por ciclo de vida; (3) adoção crescente de IA para consolidar dados primários, estimar lacunas com parcimônia e antecipar riscos de conformidade.

Com prazos que começam a valer sobre dados de 2025, o plano precisa ser pragmático. Em vez de grandes reengenharias, é preferível construir um fluxo único onde os dados nascem auditáveis no nível do produto, alimentam o DPP e, por consequência, abastecem relatórios CSRD/GRI sem retrabalho.

Checklist prático (30–90 dias)

Resultados esperados nesse ciclo: DPP ativo em linhas prioritárias, inventário de GEE consolidado com dados primários, e um pipeline de reporte pronto para auditoria externa.

Em síntese, quem começar agora chega a 2026 com dados por produto consolidados, menor dependência de estimativas no Escopo 3 e custos de auditoria sob controle. A combinação de DPP com dados primários e uma trilha de evidências única reduz risco regulatório, melhora a reputação e cria base para diferenciação comercial em mercados exigentes.

Para empresas que buscam acelerar esse caminho, duas alavancas práticas são: (1) o Passaporte Digital do Produto baseado em blockchain, que consolida origem, processos, pegada e certificações num registro imutável acessível por QR Code; e (2) a Calculadora de Carbono com inteligência artificial, que integra dados primários da cadeia para calcular Escopos 1, 2 e 3 e gerar pegada por produto ou lote. Ambas estão disponíveis na Blockforce e integram-se a ERPs/PLM, produzindo dados estruturados prontos para GRI e CSRD.

Quer sua empresa à frente? Solicite uma demonstração de nossas soluções!